segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Consagrados ao Senhor

Inicio com uma das minhas passagens preferidas, que mostra uma maneira sensacional de termos nossa vida consagrada ao Senhor.
Nossa história tem início após Moisés passar 40 dias no monte Sinai, onde Deus lhe provê muitos ensinamentos valiosos, como construir a arca da aliança, com muito ouro, prata e cobre (cobre? eu achei que Deus só gostava de ouro e prata) Êxodo 25, as cortinas do tabernáculo (um capítulo inteiro ensinando como fazer cortinas, que inclui muito ouro, é claro) Êxodo 26, um altar (com muito ouro), mantos e túnicas de púrpura e carmesim (com muito ouro), etc Êxodo 28.
Enfim, eu podia continuar essa chatice sem fim, mas vocês entenderam: Moisés passou 40 dias em cima do monte fazendo diversos cursos de marcenaria e corte e costura com o mestre-mor: Javé em pessoa. Ah, e ainda podemos apreciar a receita do Senhor para fazermos um churrasco bacana com um cordeiro Êxodo 29. Logo no capítulo seguinte, Deus mostra que, perto dele, o leão do IR é um gatinho manso, especificando quantos siclos (moeda da época) cada um deve dar como "resgate da sua alma". É isso mesmo, Javé, o bom, exige resgate da alma dos Hebreus, e ainda diz que o pagamento é para que não sejam lançadas pragas contra eles. Para os infiéis que não acreditam em mim, é só ler Êxodo 30, versículo 12. O interessante é que ele diz que os ricos e os pobres pagarão exatamente a mesma coisa (versículo 15); pelo menos o leão isenta os menos afortunados.
Pois bem, depois dos cursos e ameaças, Deus deu de presente para Moisés duas tábuas com seus ensinamentos divinos, para que este partilhasse com o povo escolhido suas sábias palavras (adorai a mim sobre todas as coisas, não useis meu nome em vão, esse tipo de coisa que só poderia ser escrita por um narcisista desenfreado). Quão traído Moisés não se sentiu, tendo passado por toda essa chateação para ganhar as tabuinhas, quando desceu do monte e encontrou o povo adorando O BEZERRO DE OURO! Os pagãos miseráveis, cansados de esperar Moisés, resolveram adorar um bezerro, esquecendo do Senhor, que lhes tinha dado maná e tudo há poucos capítulos Êxodo 16. Cães traidores! Mas Moisés não deixou por menos, quebrou as tábuas, chamou os filhos de Levi (os famosos levitas) e disse-lhes: "Assim diz o SENHOR Deus de Israel: Cada um ponha a sua espada sobre a sua coxa; e passai e tornai pelo arraial de porta em porta, e mate cada um a seu irmão, e cada um a seu amigo, e cada um a seu vizinho". Os tais levitas, sem nenhum questionamento (não que eles tivessem medo do inferno, já que essa coisa de aterrorizar as pessoas com punição eterna com fogo e lágrimas só será desenvolvida depois, pelo Filho do Homem em pessoa, no novo testamento, mas eles sabiam que quando Javé se revoltava, era morte para cá e praga para lá), pegaram suas espadas e iniciaram a matança; seus filhos, amigos e vizinhos não foram poupados, com um cálculo de pelos menos 3.000 mortos ao final do dia Êxodo 32.
Vendo todo aquele sangue, Moisés, como um bom seguidor de um deus mesquinho e assassino, ficou satisfeito, informando aos filhos de Levi que o Senhor lhes tinha concedido uma benção com a carnificina, estando eles agora consagrados (Êxodo 32, versiculo 29); assim sendo, os levitas se tornaram sacerdotes do Senhor a partir desse dia de festa e regogizo. Seguindo o texto, Moisés acorda no outro dia e diz ao povo: "Vocês cometeram um grande pecado!". Neste momento, qualquer pessoa sadia pensa: "Moisés caiu em si, se arrependeu da matança, e vai dar um esporro nos levitas por terem seguido suas ordens insanas tão cegamente". Mas não! Ele ainda se referia ao tal bezerro de ouro. Usar o ouro que deveria ser oferecido a Javé (não se sabe se os olhinhos do Senhor brilham mais ao ouvir as palavra ouro ou sangue) era um pecado de morte, não o assassinato desenfreado de amigos e parentes inocentes. Por fim, Deus, o justo, na sua infinita bondade, perdoa os pecadores e diz para Moisés prosseguir e invadir algumas terras que eram designadas ao povo escolhido, passando ao fio da espada e se apoderando dos bens (sangue, ouro, sangue, ouro) de todos que lá habitassem. Mas essa é outra história.