quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Abraão, Sara e o Início da Cafetinagem

Nossa história de hoje é sobre Abrão, que depois seria renomeado como Abraão, que para quem não sabe, quer dizer "o pai do povo". O nome é condizente com a figura, já que Abraão é considerado o pilar das três principais religiões monoteístas, com a diferença de que no judaísmo e no cristianismo os seus descendentes passam por seu filho Isaque (que teve com mais de 100 anos, com sua esposa Sarai já passada dos 90 anos; haja Viagra); já no islamismo (aquela religião de paz e amor) os descendentes vem do seu filho Ismael, tendo uma escrava como mãe. Depois a coitada, juntamente com Ismael, é expulsa para o deserto por Abraão, que nessa idade era pau mandado de Sarai, a ciumenta. Mas essa história fica para depois, nos concentremos no que aconteceu antes.

Javé estava querendo criar um nova nação Gênesis 12, 1, e propôs que Abrão saísse de sua casa, em Harã, e fosse para essa terra, prometendo maravilhas, abençoando o nome dele, lançando maldições contra os seus inimigos, bendizendo sua família, enfim, o usual. O velho (Abrão já tinha 75 anos, e Sarai 65) não titubeou, pegou sua esposa e seu cajado e saiu a caminhar deserto afora.
Como Javé sempre foi um péssimo administrador, mandou Abrão caminhar sob o sol inclemente sem as provisões necessárias para a jornada, tendo este que, para escapar da fome, bater às costas do Egito. Chegando lá, disse ele à sua esposa: "Ora, bem sei que és mulher formosa à vista; E será que, quando os egípcios te virem, dirão: Esta é sua mulher. E matar-me-ão a mim, e a ti te guardarão em vida. Dize, peço-te, que és minha irmã, para que me vá bem por tua causa, e que viva a minha alma por amor de ti."

Analisemos o absurdo da frase: primeiro, Sara, aos 65 anos era a formosura em pessoa, um tipo de Vera Fischer da época, mesmo sem botox, plástica e lipo-aspiração. Abrão, o pai dos covard... ops, pai do povo, que fica com medo de ser morto se for reconhecido como marido da miss Harã, decide fingir que é seu irmão. Os egípcios eram maus mesmo, se tinha mulher bonita, já saíam matando. Mas Abrão estava certo, assim que chegaram ao Egito os príncipes do faraó a levaram até ele, que tratou de anexá-la ao seu harém. Mas o faraó era gente boa, e em agradecimento ao suposto irmão da formosa Sarai, o encheu de presentes (não, não eram iPods, TVs de 50' ou videogames, e sim ovelhas, vacas, jumentos, servos e servas, que um escravo sempre vinha bem).

E viveram todos felizes para sempre, Abrão e seus presentes, o faraó e Sarai, a oitava maravilha do mundo. Não, não! O Senhor não estava nada contente com a diversão entre os lençóis de Sarai, a idosa gostosa, e o faraó, aquilo era uma barbaridade, afinal ela era casada. E o que ele fez: o que Javé, o justo, sempre faz, dá-lhe pragas no coitado do faraó, que sofreu sem saber o porquê. Quando descobriu que estava levando pragas na cabeça pela mentira de Abrão, chamou-o, passou-lhe uma carraspada por ser mentiroso (eu teria cortado o pescoço do infeliz, mas o faraó era da paz) e expulsou o corno manso do Egito, juntamente com Sarai, a velha sapeca, e todos os presentes. E Abrão viu que isso era bom!

Tão bom que depois de passar por desventuras em série, ter o seu nome e de sua esposa trocados para Abraão e Sara por Javé, e ter um filho com uma escrava e outro com Sara, a centenária parideira, Abrão resolve repetir a dose e ganhar mais um troco com a sua mulher. Indo de uma cidade à outra (a geriatria era uma maravilha naquela época), Abraão encontra Abimeleque, rei de Gerar (Gênesis 20). Consegue passar a mesma história no pobre homem, essa aqui é minha irmã, coisa e tal. Não é que Abimeleque resolve desposar Sara, que com cerca de um século de idade deveria estar mais para múmia que para Gisele Bündchen! Mas como gosto não se discute, Abimeleque a tomou para si. Por sorte o rei não estava muito disposto naquele dia, com uma certa azia, e não foi aos finalmentes com Sara. Foi isso que lhe salvou, porque Javé, o supra-sumo da bondade, já estava lhe ameaçando de morte em sonho. Felizmente Abimeleque convenceu Javé que não sabia de nada, sendo poupado (o estranho é o Senhor, que tudo vê, também não saber que o culpado era Abraão, o mentiroso).

E então Abimeleque fez exatamente a mesma coisa que o faraó: esporreou Abraão e lhe encheu de vacas, escravos e prata. Mas agora vem o mais incrível, uma reviravolta sensacional na história, digna de novela das 21h: Abraão afirma que o que disse era uma meia-verdade, Sara era realmente sua irmã, os dois eram filhos do mesmo pai!!! Está tudo lá, no versículo 12. Os dois velhos safados e incestuosos! Para não ser injusto com Javé, esse se redimiu curando Abimeleque, sua mulher e suas servas da infertlidade, que ele mesmo tinha impingido. Deus sacaneia, mas também cura.

E essa foi a história de Abraão, aquele que iniciou a nobre profissão de cafetão vendendo a mulher/irmã para reis e faraós em troca de uns jumentos e escravos. Com um pai do povo desses, não dá para esperar nada da humanidade mesmo.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Consagrados ao Senhor

Inicio com uma das minhas passagens preferidas, que mostra uma maneira sensacional de termos nossa vida consagrada ao Senhor.
Nossa história tem início após Moisés passar 40 dias no monte Sinai, onde Deus lhe provê muitos ensinamentos valiosos, como construir a arca da aliança, com muito ouro, prata e cobre (cobre? eu achei que Deus só gostava de ouro e prata) Êxodo 25, as cortinas do tabernáculo (um capítulo inteiro ensinando como fazer cortinas, que inclui muito ouro, é claro) Êxodo 26, um altar (com muito ouro), mantos e túnicas de púrpura e carmesim (com muito ouro), etc Êxodo 28.
Enfim, eu podia continuar essa chatice sem fim, mas vocês entenderam: Moisés passou 40 dias em cima do monte fazendo diversos cursos de marcenaria e corte e costura com o mestre-mor: Javé em pessoa. Ah, e ainda podemos apreciar a receita do Senhor para fazermos um churrasco bacana com um cordeiro Êxodo 29. Logo no capítulo seguinte, Deus mostra que, perto dele, o leão do IR é um gatinho manso, especificando quantos siclos (moeda da época) cada um deve dar como "resgate da sua alma". É isso mesmo, Javé, o bom, exige resgate da alma dos Hebreus, e ainda diz que o pagamento é para que não sejam lançadas pragas contra eles. Para os infiéis que não acreditam em mim, é só ler Êxodo 30, versículo 12. O interessante é que ele diz que os ricos e os pobres pagarão exatamente a mesma coisa (versículo 15); pelo menos o leão isenta os menos afortunados.
Pois bem, depois dos cursos e ameaças, Deus deu de presente para Moisés duas tábuas com seus ensinamentos divinos, para que este partilhasse com o povo escolhido suas sábias palavras (adorai a mim sobre todas as coisas, não useis meu nome em vão, esse tipo de coisa que só poderia ser escrita por um narcisista desenfreado). Quão traído Moisés não se sentiu, tendo passado por toda essa chateação para ganhar as tabuinhas, quando desceu do monte e encontrou o povo adorando O BEZERRO DE OURO! Os pagãos miseráveis, cansados de esperar Moisés, resolveram adorar um bezerro, esquecendo do Senhor, que lhes tinha dado maná e tudo há poucos capítulos Êxodo 16. Cães traidores! Mas Moisés não deixou por menos, quebrou as tábuas, chamou os filhos de Levi (os famosos levitas) e disse-lhes: "Assim diz o SENHOR Deus de Israel: Cada um ponha a sua espada sobre a sua coxa; e passai e tornai pelo arraial de porta em porta, e mate cada um a seu irmão, e cada um a seu amigo, e cada um a seu vizinho". Os tais levitas, sem nenhum questionamento (não que eles tivessem medo do inferno, já que essa coisa de aterrorizar as pessoas com punição eterna com fogo e lágrimas só será desenvolvida depois, pelo Filho do Homem em pessoa, no novo testamento, mas eles sabiam que quando Javé se revoltava, era morte para cá e praga para lá), pegaram suas espadas e iniciaram a matança; seus filhos, amigos e vizinhos não foram poupados, com um cálculo de pelos menos 3.000 mortos ao final do dia Êxodo 32.
Vendo todo aquele sangue, Moisés, como um bom seguidor de um deus mesquinho e assassino, ficou satisfeito, informando aos filhos de Levi que o Senhor lhes tinha concedido uma benção com a carnificina, estando eles agora consagrados (Êxodo 32, versiculo 29); assim sendo, os levitas se tornaram sacerdotes do Senhor a partir desse dia de festa e regogizo. Seguindo o texto, Moisés acorda no outro dia e diz ao povo: "Vocês cometeram um grande pecado!". Neste momento, qualquer pessoa sadia pensa: "Moisés caiu em si, se arrependeu da matança, e vai dar um esporro nos levitas por terem seguido suas ordens insanas tão cegamente". Mas não! Ele ainda se referia ao tal bezerro de ouro. Usar o ouro que deveria ser oferecido a Javé (não se sabe se os olhinhos do Senhor brilham mais ao ouvir as palavra ouro ou sangue) era um pecado de morte, não o assassinato desenfreado de amigos e parentes inocentes. Por fim, Deus, o justo, na sua infinita bondade, perdoa os pecadores e diz para Moisés prosseguir e invadir algumas terras que eram designadas ao povo escolhido, passando ao fio da espada e se apoderando dos bens (sangue, ouro, sangue, ouro) de todos que lá habitassem. Mas essa é outra história.