Nossa história de hoje é sobre Abrão, que depois seria renomeado como Abraão, que para quem não sabe, quer dizer "o pai do povo". O nome é condizente com a figura, já que Abraão é considerado o pilar das três principais religiões monoteístas, com a diferença de que no judaísmo e no cristianismo os seus descendentes passam por seu filho Isaque (que teve com mais de 100 anos, com sua esposa Sarai já passada dos 90 anos; haja Viagra); já no islamismo (aquela religião de paz e amor) os descendentes vem do seu filho Ismael, tendo uma escrava como mãe. Depois a coitada, juntamente com Ismael, é expulsa para o deserto por Abraão, que nessa idade era pau mandado de Sarai, a ciumenta. Mas essa história fica para depois, nos concentremos no que aconteceu antes.
Javé estava querendo criar um nova nação Gênesis 12, 1, e propôs que Abrão saísse de sua casa, em Harã, e fosse para essa terra, prometendo maravilhas, abençoando o nome dele, lançando maldições contra os seus inimigos, bendizendo sua família, enfim, o usual. O velho (Abrão já tinha 75 anos, e Sarai 65) não titubeou, pegou sua esposa e seu cajado e saiu a caminhar deserto afora.
Como Javé sempre foi um péssimo administrador, mandou Abrão caminhar sob o sol inclemente sem as provisões necessárias para a jornada, tendo este que, para escapar da fome, bater às costas do Egito. Chegando lá, disse ele à sua esposa: "Ora, bem sei que és mulher formosa à vista; E será que, quando os egípcios te virem, dirão: Esta é sua mulher. E matar-me-ão a mim, e a ti te guardarão em vida. Dize, peço-te, que és minha irmã, para que me vá bem por tua causa, e que viva a minha alma por amor de ti."
Analisemos o absurdo da frase: primeiro, Sara, aos 65 anos era a formosura em pessoa, um tipo de Vera Fischer da época, mesmo sem botox, plástica e lipo-aspiração. Abrão, o pai dos covard... ops, pai do povo, que fica com medo de ser morto se for reconhecido como marido da miss Harã, decide fingir que é seu irmão. Os egípcios eram maus mesmo, se tinha mulher bonita, já saíam matando. Mas Abrão estava certo, assim que chegaram ao Egito os príncipes do faraó a levaram até ele, que tratou de anexá-la ao seu harém. Mas o faraó era gente boa, e em agradecimento ao suposto irmão da formosa Sarai, o encheu de presentes (não, não eram iPods, TVs de 50' ou videogames, e sim ovelhas, vacas, jumentos, servos e servas, que um escravo sempre vinha bem).
E viveram todos felizes para sempre, Abrão e seus presentes, o faraó e Sarai, a oitava maravilha do mundo. Não, não! O Senhor não estava nada contente com a diversão entre os lençóis de Sarai, a idosa gostosa, e o faraó, aquilo era uma barbaridade, afinal ela era casada. E o que ele fez: o que Javé, o justo, sempre faz, dá-lhe pragas no coitado do faraó, que sofreu sem saber o porquê. Quando descobriu que estava levando pragas na cabeça pela mentira de Abrão, chamou-o, passou-lhe uma carraspada por ser mentiroso (eu teria cortado o pescoço do infeliz, mas o faraó era da paz) e expulsou o corno manso do Egito, juntamente com Sarai, a velha sapeca, e todos os presentes. E Abrão viu que isso era bom!
Tão bom que depois de passar por desventuras em série, ter o seu nome e de sua esposa trocados para Abraão e Sara por Javé, e ter um filho com uma escrava e outro com Sara, a centenária parideira, Abrão resolve repetir a dose e ganhar mais um troco com a sua mulher. Indo de uma cidade à outra (a geriatria era uma maravilha naquela época), Abraão encontra Abimeleque, rei de Gerar (Gênesis 20). Consegue passar a mesma história no pobre homem, essa aqui é minha irmã, coisa e tal. Não é que Abimeleque resolve desposar Sara, que com cerca de um século de idade deveria estar mais para múmia que para Gisele Bündchen! Mas como gosto não se discute, Abimeleque a tomou para si. Por sorte o rei não estava muito disposto naquele dia, com uma certa azia, e não foi aos finalmentes com Sara. Foi isso que lhe salvou, porque Javé, o supra-sumo da bondade, já estava lhe ameaçando de morte em sonho. Felizmente Abimeleque convenceu Javé que não sabia de nada, sendo poupado (o estranho é o Senhor, que tudo vê, também não saber que o culpado era Abraão, o mentiroso).
E então Abimeleque fez exatamente a mesma coisa que o faraó: esporreou Abraão e lhe encheu de vacas, escravos e prata. Mas agora vem o mais incrível, uma reviravolta sensacional na história, digna de novela das 21h: Abraão afirma que o que disse era uma meia-verdade, Sara era realmente sua irmã, os dois eram filhos do mesmo pai!!! Está tudo lá, no versículo 12. Os dois velhos safados e incestuosos! Para não ser injusto com Javé, esse se redimiu curando Abimeleque, sua mulher e suas servas da infertlidade, que ele mesmo tinha impingido. Deus sacaneia, mas também cura.
E essa foi a história de Abraão, aquele que iniciou a nobre profissão de cafetão vendendo a mulher/irmã para reis e faraós em troca de uns jumentos e escravos. Com um pai do povo desses, não dá para esperar nada da humanidade mesmo.
Assassinatos, traições, genocídios, infanticídios, mentiras, injustiça, torturas, intolerância, sadismo. Para quem leu ao menos um capítulo da bíblia, tudo isso é perpetrado por deus e seus acólitos. E por incrível que possa parecer, muitos cristãos, por pura ignorância, já que nunca leram o "livro sagrado", são capazes de expor seus filhos a estes textos, como se trouxessem qualquer valor moral às pobres mentes infantis. Esse blog quer mostrar o que está por trás dessas "lindas histórias".
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
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